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Uma didática da invenção

Manoel de Barros

VII
No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá
onde a criança diz: Eu escuto a cor
dos passarinhos.A criança não sabe que o verbo escutar não
funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um
verbo, ele delira.
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz
de fazer nascimentos –
O verbo tem que pegar delírio.

Manoel de Barros - O livro das Ignorâças - Alfaguara, 2016.

É jornalista e doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo. Durante mais de 15 anos foi professor dos cursos de jornalismo e publicidade de diversas instituições de ensino superior, entre elas, Universidade de Uberaba e Universidade São Judas. Coordenou, durante cinco anos, a produção de literatura infantojuvenil da Editora Salesiana e foi editor da Revista Criança do Ministério da Educação do Brasil, de 2004 a 2008. Coordenou a produção do Guia de Direitos Humanos, uma parceria entre a Unesco e a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. É autor das minibiografias de Dom Helder Câmara e Chico Mendes e organizador da coletânea Machado de Assis – Contos e Recontos, pela Editora Salesiana. É editor de conteúdo do Instituto Natura e do Prêmio Itaú-Unicef, além de tradutor de material educativo da Fundação Telefônica Vivo.

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